Por que cobrir espelhos quando alguém morre?

Por que cobrir espelhos quando alguém morre?

George Doyle/Stockbyte/Getty Images

Enquanto algumas práticas de morte, luto e sepultamento variam amplamente, o costume de cobrir espelhos após a morte parece ser um ritual que atravessa o tempo, culturas e religiões. Em muitas tradições, parece haver uma ligação entre a alma e o espelho, com a crença de que ela pode ser refletida ou capturada pela superfície refletora.

O mundo antigo

Espelhos eram cobertos no mundo antigo

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O artigo de Helen Costantino Fioratti, "The Origins of Mirrors and Their Use in the Ancient World", observa que o mito de Narciso mostra uma fascinação com as reflexões que remonta ao mundo antigo. Ela explica que "inerente ao mito era a crença na existência de um duplo, uma alma assumindo substância". Assim, segundo Fioratti, "alguns antigos ainda acreditavam que olhar para o seu reflexo poderia convidar a morte, já que a imagem era tida como a captura da alma. Consequentemente, espelhos e vasos cheios de água tinham que ser cobertos após a morte" para evitar que outras pessoas morressem também.

Os vitorianos

A Era Vitoriana continuou com a prática de cobrir os espelhos após a morte

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A Era Vitoriana apresentou muitas superstições sobre a morte. Enquanto o corpo do falecido estava na casa, todos os espelhos eram cobertas com tecido preto. O site Barton Upon Humber Family History Aid explica que isso assegurava que "a alma do falecido não ficasse presa atrás do vidro e impedida de passar para 'o outro lado'". Semelhantemente às antigas superstições, os vitorianos também acreditavam que "se você visse seu próprio reflexo em um quarto onde alguém tinha acabado de morrer, então você morreria em breve".

Vampiros

Cobrir espelhos ajudava a evitar vampiros

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O mundo do oculto oferece explicações para a cobertura de espelhos após a morte também. "The History of Vampires in New Orleans", de Kalila Smith, explica que cobrir os espelhos de uma casa em luto era uma tradição do Sul também. Corpos nunca eram deixados sozinhos até o sepultamento, tanto por respeito aos mortos, bem como por vigilância de atividade paranormal. Por exemplo, acreditava-se que uma (das muitas) maneira pela qual se podia ser transformado em vampiro era quando o "corpo morto era refletido em um espelho". Assim, cobri-los era um método para impedir a volta dos mortos.

Jamaica

Muitas superstições jamaicanas foram influenciadas pela cultura africana.

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O artigo da Dr.ª Rebecca Tortello, "Deadly Superstitions", afirma que as superstições que atravessam muitas facetas da vida jamaicana foram influenciadas, em grande parte, pela cultura africana. Ela acrescenta: "a maioria dessas crenças nasce de um medo do desconhecido, do que acontece após a morte e de como ela pode afetar a vida". Isso é visto na prática de cobrir os espelhos na "sala do 'morto' ". Tortello explica que isso "impede que o reflexo da vida seja lançado sobre os mortos [e ...] evita que os vivos se definhem".

Judaísmo

O Judaísmo oferece um conjunto de diferentes razões para a prática de cobrir os espelhos da casa de shiva, onde uma semana de luto ritual é realizada após o enterro. O artigo de Lori Palatnik, "The ABCs of Death and Mourning", explica a cobertura de várias maneiras. Primeiro, ela desenfatiza a fisicalidade pessoal e a vaidade, mudando o foco para a alma. Além disso, uma vez que a aparência física auxilia na aceitação social, a cobertura "simboliza [um] desvio do olhar da sociedade [já que] o luto judaico é para ser solitário, em silêncio; detendo-se sobre a perda uma pessoa". A necessidade de atender à beleza física é ainda mais desfocada, já que relações conjugais não ocorrem durante a semana de luto. Por fim, sentar shiva envolve serviços de oração que não podem ocorrer na frente de um espelho para garantir a manutenção do foco em Deus.

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