Qual é o propósito simbólico do brinco no nariz de um boi?

O brinco no nariz do boi é um simbolismo zen budista

bull image by Gina Smith from Fotolia.com

O brinco no nariz de um boi é uma imagem muito usada no budismo para simbolizar o caminho para a iluminação. Uma sequência de gravuras, Os 10 Touros, usa a imagem do touro ou do boi como símbolo da dominação do homem sobre sua própria mente. O anel que atravessa o nariz do boi é aquele pelo qual o praticante passa uma corda e sela o boi – ou a mente – com firmeza. Selar o boi significa se libertar de ilusões mundanas, com o objetivo de libertar a mente dos pensamentos e se tornar iluminado.

História

O símbolo do brinco no nariz do boi vem desde o início do zen-budismo na China. Durante aquele tempo, existiam várias execuções artísticas com pastores e bois, com ênfase no adestramento do boi através da sela usando o brinco. A imagem dos 10 bois, ou às vezes 6, no zen-budismo foi popular durante os anos 1100 na China. Os 10 blocos de gravura chamados de "Domando o boi selvagem", pintados pelo mestre zen Kakuan, foram muito conhecidos. As imagens seguem um pastor procurando o boi, encontrando-o e finalmente domando-o. Kakuan usa o boi para ilustrar simbolicamente a transformação da consciência humana e a busca por iluminação através do zen-budismo.

A poesia de Kakuan descreve a imagem. O pastor e o boi são mostrados em sequência em um espaço amplo e aberto, que pode ser visto como o céu. Ele escreve sobre o boi e transcende a si mesmo, "O chicote, a corda, a pessoa e o touro – todos se tornam o nada. Este céu é tão vasto que nenhuma mensagem pode manchá-lo". Kakuan parece estar dizendo que tudo é um só, que se transforma no nada, uma iluminação que não pode se exprimir em palavras.

Filosofia

Geoffrey Shugen Arnold, professor residente do Zen Center of New York City, Fire Lotus Temple, explica o simbolismo do boi nos site do monastério Zen Mountain: "As 10 imagens do amansamento do boi são outra forma de descrever a vida de um praticante desde sua entrada até o caminho e o fim de seu treinamento. Quando começamos a prática, existem coisas que não podem ser vistas, que não estão sequer em nosso universo ainda. Estamos expostos a elas, mas não as ouvimos, não as enxergamos. Mais tarde, seremos capazes de ver, escutar e experimentar aquilo que sempre esteve ali, mas nunca nos foi revelado. Algo está mudando".

As ilustrações pedem ao praticante do budismo que veja além do tangível até o intangível. Amarrando a corda pelo brinco do boi, o pastor primeiro aquieta sua mente (o boi), domando sua habilidade de se mover em silêncio.

Poesia

Vários poemas se inspiraram nas gravuras dos 10 bois. Os poemas enfatizam o longo caminho do zen-budismo em direção à iluminação. Procurar pelo boi parece uma tarefa infindável para o budista iniciante, assim como o caminho para a iluminação é longo e árduo.

Mais tarde na série de poemas, o poeta encontra o boi, e descreve o processo de furar seu nariz, "Eu corro em sua direção e furo seu nariz!/Ele estremece e pula loucamente/Mas eu o alimento quando sente fome e dou água quando sente sede". O poema reflete o momento em que se fura o nariz do boi como símbolo da resistência da mente.

Período histórico

As imagens zen de um boi preso a uma árvore através de uma corda e um brinco no nariz podem datar de tão longe quanto o terceiro século antes de Cristo. Textos antigos já relacionavam a mente do boi e sua domesticação ao objetivo da consciência plena.

Considerações

O budismo é uma jornada interior silenciosa, uma meditação que pode ser guiada através de pensamentos falados e imagens, mas de transcendência além da palavra falada. As 10 imagens do boi refletem a jornada de cada sábio para a iluminação, com o brinco do nariz do boi como um ponto cativo na jornada do zen-budista.

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