O que o uso de brincos pelos homens representa?
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Os homens usam brincos desde o início da civilização. Brincos de jade, que datam de 3000 a.C., foram encontrados no sudeste asiático. Muitos desses brincos adornaram homens, e não mulheres. Questões modernas sobre o significado do uso do brinco para os homens estão enraizadas nas fobias sobre sexualidade e gênero. A base dessas fobias é a crença de que o sexo é uma relação estrita binária, que só pode ser um ou o outro, e que qualquer coisa que não identifique claramente de que sexo você faz parte pode diminuir a sua masculinidade e torná-lo um homossexual. Essa concepção de gênero requer uma abordagem "tudo ou nada" em relação à expressão sexual. A realidade, porém, é que as tendências são motivadas por um momento histórico específico, e por isso chega a perder seus significados originais.
Função
Desde a primeira vez que o homem primitivo se perfurou com um dente ou com um pedaço de osso, os brincos se tornaram um dos muitos adornos que simbolizavam poder: a capacidade de conquistar algo maior e mais perigoso do que ele próprio, a fim de proteger a si mesmo, a tribo e suprir o abastecimento local de alimentos. O uso de chifres e dentes foi particularmente valorizado, pois estes mostravam o quão difícil a batalha pela sobrevivência tinha sido, comprovando a aptidão do homem para acasalar, caçar e liderar. A partir destes ornamentos ósseos, os brincos evoluíram para incluir qualquer substância rara e difícil de obter que pudesse ser moldada ou esculpida e ficasse mais belo para atrair a atenção e passar a mensagem de que o portador era alguém importante.
História
Como o homem começou a construir civilizações que dependiam menos da conquista da natureza para a sobrevivência, os brincos começaram a ser feitos de pedras e metais preciosos em vez de ossos de animais e inimigos conquistados. Assim, os brincos e outras joias se tornaram símbolos de poder, riqueza e propriedade. As mulheres eram presenteadas com brincos e outras joias ao ficarem noivas. Aqueles que preferiam servir os poderosos e ricos em vez de procurar o seu próprio poder e riqueza, recebiam brincos e outras joias em troca de sua promessa de serviço. Novos escravos eram muitas vezes acorrentados e impedidos de fugir. Conforme eles mantinham sua fidelidade para com seus senhores, o tamanho das correntes iam diminuindo até se tornarem peças simbólicas usadas como brincos ou pulseiras. Essa é, em parte, a história de escravidão que envolve muitas questões sobre o uso de brincos por homens.
Equívocos
Usar um brinco não faz um homem mais gay do que usar um "kilt" (saia escocesa) ou um "djellabah" (vestidos). O homem que trabalha na sala ao lado, o trabalhador da construção civil no andaime acima de você, e até o motorista de ônibus da cidade poderia ser o "Gay do Ano" e você nunca saberia, pois nem todos os homens gays usam brincos. Nem mesmo sequer a maioria deles. Usar um brinco, nem mesmo quer dizer que você está se arrumando para um encontro sexual gay. A única coisa que o uso de um brinco quer dizer é que você está confortável com a sua identidade. Você elabora seu próprio caminho e defini os seus próprios estilos de acordo com o que faz você se sentir atraente, confiante e elegante. A perpetuação da ideia de que o uso de um brinco, cosméticos, unhas pintadas, roupas bem adornadas e calçados de salto alto faz de você um gay ou transsexual tem como pano de fundo, em grande parte, a violência contra transexuais. Essa violência inclui insultos verbais, olhares enojados, comentários críticos, discriminação em casa e no trabalho, depressão a ponto de suicídio, assaltos, estupros e assassinatos. A violência está institucionalizada, as clínicas e hospitais não treinam equipes para tratar transexuais com dignidade e respeito, a polícia comete ataques hediondos com base na percepção de variação de gênero, além de pessoas comuns que contribuem para a perpetuação dos próprios estereótipos que levam os transexuais a se esconderem.
Significado
É significativo que os homens estejam mais confortáveis usando brincos e expressando seu senso de estilo de outras maneiras: cabelos coloridos tingidos, tecidos leves para vestuário, ampla gama de opções de cores, e até mesmo tomando mais cuidado com a pele e com os cabelos. Quando as distinções que separam o que o é considerado certo para o homem e o que é considerado certo para a mulher são removidas, também são eliminadas as fontes de discriminações que causam sofrimento àqueles que não se conformam com expressões de gêneros binárias.
Efeitos
Aproveite o tempo para examinar suas próprias atitudes em relação à expressão de gênero e perceber o quanto elas são moldadas pelo medo de reprovação social ou temor de que você será considerado homossexual ou transexual pelo que veste, suas ações e até casamento. A próxima vez que você for tentado a dizer algo a alguém com base em sua especulação sobre sua orientação sexual, não faça isso. Quando vir exemplos de opressão institucionalizada, combata-as. Fale. Não faça parte da maioria silenciosa que permite que os direitos daqueles de quem não gostam sejam pisados, pois você pode ser a próxima pessoa desaprovada. Lembre-se das palavras do Pastor Martin Niemoeller ao final da Segunda Guerra Mundial: "Primeiro eles vieram pelos comunistas, e eu não disse nada, porque eu não era comunista. Depois, vieram buscar os judeus e eu não protestei, porque eu não era judeu. Então eles vieram para os católicos, e eu não disse nada, porque eu era protestante. Então eles vieram para mim, e por esse tempo não havia ninguém para falar por mim".
Recursos
Sobre o Autor
Jane Smith has provided educational support, served people with multiple challenges, managed up to nine employees and 86 independent contractors at a time, rescued animals, designed and repaired household items and completed a three-year metalworking apprenticeship. Smith's book, "Giving Him the Blues," was published in 2008. Smith received a Bachelor of Science in education from Kent State University in 1995.
Créditos Fotográficos
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