A história do costume de pular vassouras em casamentos africanos
Creatas Images/Creatas/Getty Images
A tradição de "pular a vassoura" durante uma cerimônia de casamento foi estabelecida por escravos africanos que viviam no sul dos Estados Unidos antes da Guerra Civil Americana. Já que os escravos não tinham direito a uma cerimônia de casamento legal, os casais se comprometiam com uma cerimônia informal. Durante esta cerimônia, que acontecia na frente de várias testemunhas, o homem e a mulher pulavam sobre um cabo de vassoura no chão e, assim, uniam suas vidas. Depois da guerra, a tradição de pular a vassoura se tornou menos comum, até sua retomada no final do século XX.
Origens
As origens exatas do costume de pular a vassoura são incertas. Muitos autores de guias de casamento afirmam que o costume tem origem africana. Por exemplo, de acordo com o livro “Jumping the Broom in Style: A Collection of Styles and Information for the Entire Wedding Party” ("Pulando a vassoura com estilo: Uma coleção de estilos e informações para toda a festa de casamento"), de Thony C. Anyiam, o costume tem origem num ritual do oeste da África que aconteceu antes da época da escravidão. Depois de escravizados, os africanos continuaram a tradição de pular a vassoura nos EUA para honrar sua herança, seus ancestrais e sua cultura. O autor Alan Dundes escreve em "Jumping the Broom" ("Pulando a vassoura"), um artigo de 1996 que apareceu em “The Journal of American Folklore" ("A revista do folclore americano"), que não há evidências específicas de que este ritual tenha sido praticado na África, e que evidências da ocorrência deste ritual entre ciganos britânicos sugere que ele tenha origem europeia, e não africana.
Costumes pré-Guerra Civil
Ainda no artigo “Jumping the Broom”, Dundes afirma que o costume pré-Guerra Civil de pular a vassoura entre os escravos afro-americanos tinha variações. Os senhores de escravos brancos muitas vezes supervisionavam as cerimônias de casamento, e, em uma das variações, a noiva e o noivo pulavam sobre um cabo de vassoura que era suspenso 30 cm acima do chão por seu senhor de escravos. A vassoura também podia ser estendida no chão, e os noivos podiam dar um passo por cima dela juntos ou um de cada vez. O casal nem sempre passava por cima da vassoura para frente; às vezes, eles pulavam sobre ela para trás. Dundes também observa o significado sexual do ritual na natureza fálica do cabo de vassoura e na metáfora para o ato sexual simbolizada pelo pulo do casal sobre a vassoura.
Rituais pós-Guerra Civil
Em “Cinderella Dreams: The Allure of the Lavish Wedding" ("Sonhos de Cinderela: O fascínio do casamento luxuoso"), as autoras Cele C. Otnes e Elizabeth H. Pleck dizem que, depois do fim da Guerra Civil, muitos ex-escravos buscaram casamentos legais, já que antes este direito lhes era negado. O costume de pular a vassoura começou a desaparecer, já que os ex-escravos preferiam deixar para trás o ritual de casamento antiquado. Em 1977, porém, o costume ganhou atenção pública mais uma vez quando a popular série de televisão "Roots" foi ao ar e mostrou uma cerimônia em que se pulava a vassoura.
Revivendo a tradição
Diversos afro-americanos que se casam hoje em dia agora incluem o ritual de pular a vassoura em suas cerimônias de casamento. As autoras Otnes e Pleck escrevem que algumas pessoas consideram este ritual uma maneira de honrar seus ancestrais, enquanto outros preferem não incluí-lo porque o veem como uma lembrança trágica da época da escravidão. Afro-americanos que optam por incorporar a tradição ao seu casamento muitas vezes decoram a vassoura com fitas. O casal pula sobre a vassoura durante a cerimônia ou a festa de casamento.
Referências
- "The Journal of American Folklore"; 'Jumping the Broom': On the Origin and Meaning of an African American Wedding Custom; Alan Dundes; 1996 [em inglês]
- "Jumping the Broom in Style: A Collection of Styles and Information for the Entire Wedding Party"; Thony C. Anyiam; 2007 [em inglês]
- "Cinderella Dreams: The Allure of the Lavish Wedding"; Cele C. Otnes, et al.; 2003 [em inglês]
Recursos
Sobre o Autor
Julia Drake has been writing since 2007 when she had her first article published in “The Beltane Papers.” She received her Bachelor of Arts in women studies from the University of Washington. She recently completed her Master of Arts in women’s spirituality at the Institute of Transpersonal Psychology.
Créditos Fotográficos
Creatas Images/Creatas/Getty Images